segunda-feira, 27 de maio de 2013

Lei Griô e a valorização da cultura ora



Lei Griô, em tramitação no congresso nacional, tem como objetivo a valorização dos mestres e mestras portadores dos saberes e fazeres da cultura oral e o fomento da transmissão desta tradição. Seu principal mecanismo é a oferta de bolsas de incentivo para os griôs, mestres da tradição oral, para que eles promovam o encontro de tais saberes com a educação formal através de encontros regulares de compartilhamento e troca de experiências de educação e cultura.

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Rede Mocambos: VI Encontro Nacional da Rede Mocambos acontece de ...: Entre os dias 27 de maio e 03 de junho de 2013, a Casa de Cultura Tainã (Campinas SP) sediará o IV Encontro Nacional da...

DIA DA AFRICA

A Organização da Unidade Africana escolheu o dia da sua constituição, 25 de Maio de 1963 como o Dia da África, para o mundo celebrar e lembrar os africanos, medindo o progresso que este continente fazia e faz na comunidade internacional.
Em 2012, comemoramos 49  Anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.
A África é um  continente com aproximadamente 30,27 milhões de quilômetros quadrados de terra.  Ao norte é banhado pelo Mar Mediterrâneo, ao leste pelas águas do oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico. O Sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos. É o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com  aproximadamente 800 milhões de habitantes.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A importância das mulheres

Toda mulher deve ser amada
No dia a dia conquistada
No ser mãe endeusada
Na cama desejada
Na boca beijada
Na alegria multiplicada
No lar compartilhada
No seu dia festejada
Na tristeza consolada
Na queda levantada
Na luta encorajada
No trabalho motivada
No aniversário presenteada
Na alma massageada
Na beleza admirada
Na dificuldade ajudada
No cangote bem cheirada
Na vida abençoada
No mundo inteiro respeitada
E sempre que possível abraçada

A formação adequada do professor faz escola não ser discriminatória


Nos debates sobre raças e racismo pouco se fala sobre “branquitude”. E foi a partir desta constatação que a pedagoga e professora de educação infantil, Luciana Alves, demonstrou que ações afirmativas, como a lei sobre ensino da cultura africana, só fazem sentido se forem realizadas em ambiente de reflexão e reconstrução sobre o “ser branco”.

O tema “miscigenação” é muito falado no Brasil, mas o que se esconde por trás desse discurso é uma cultura que atualiza o racismo. A escola se apresenta como instituição discriminatória, onde o assunto branquitude” é pouquíssimo discutido nos debates sobre raça. Essa situação colabora para que o branco se sinta superior e em posição de neutralidade a respeito do tema, fazendo perpetuar a “positividade da brancura” e os estereótipos negativados do “ser negro”.

Para realizar seu estudo Significados de ser branco – a brancura no corpo e para além dele, Luciana entrevistou 10 professores de ensino básico, sendo 4 autodeclarados brancos e 6 negros, a fim de saber o que pensavam sobre “o que é ser branco no Brasil”. O estudo foi apresentado na Faculdade de Educação (FE) da USP. A pesquisadora conta que os professores foram selecionados para o trabalho quando participavam de um curso sobre a Lei 10639/2003, que obriga o ensino de cultura e história africana e afro-brasileira nas escolas.

Metade branca

No Brasil, cerca de 50% da população se autodeclara branca, denunciando que no País onde existe um discurso sobre a mistura de raças ainda há motivos que levam as pessoas a se declararem brancas, mesmo sendo provenientes de família mestiça. De acordo com Luciana, esses motivos estão relacionados aos “significados de ser branco, para além da cor da pele”. Esses significados são um
conjunto de características atribuídas culturalmente às pessoas que se reconhecem e são reconhecidas em suas comunidades como brancos.

“Ser branco é não ser negro”, disse um dos entrevistados. Tal resposta evidencia que o significado de ser negro geralmente já é construído como o contrário de ser branco. Por causa dessa mentalidade, é muito comum perceber no dia-a-dia situações em que “ser negro” é relacionado a características negativas. Em contra partida, o que é associado à brancura são valores positivos, socialmente estimados. A inteligência, a castidade, a beleza, a riqueza, a erudição e a limpeza,por exemplo, seriam características de um “negro de alma branca”, expressão utilizada por um dos professores entrevistados.

Nas entrevistas, o que ficou claro nas falas dos negros, além da tal positividade da brancura, foi a sensação de medo, insegurança, opressão e desconfiança. Isso confirma a imagem do branco como potencialmente opressor para os negros, construída e atualizada ao decorrer da história.

As respostas dos professores brancos sobre “ser negro” geralmente recorriam aos estereótipos muito bem fixados no imaginário popular. Quando falavam de suas infâncias, lembrando momentos em que presenciaram situações de discriminação, evidenciavam que desde aquela época esses estereótipos, criticados por eles atualmente, já estavam sendo construídos.

Essa construção coloca a “brancura” como padrão, como norma, e é essa padronização a principal responsável pela atualização do racismo no Brasil, segundo a pesquisa. “As memórias dos professores revelam a neutralidade de sua pertença racial, indicando que ser branco é não ter que refletir sobre esse dado”, constata a pesquisadora.

Nas escolas

O racismo ainda existe e permeia o cotidiano do brasileiro e, nas escolas, não é diferente. Segundo Luciana, a melhor forma de não atualizar a discriminação nas salas de aula é colocar o tema “branquitude” em pauta. “É preciso entender que os brancos também formam um grupo racial que defende seus interesses, e acabam se beneficiando, direta ou indiretamente com o racismo”, diz a
pesquisadora. Ela acredita que deve haver no ambiente escolar oportunidades de se discutir e questionar a adesão à ideia de superioridade da brancura.

— É aí que entra a formação adequada dos professores, como aposta para que a idealização branca deixe de ser objeto de desejo para negros e brancos, pois ela pressupõe hierarquia — descreve a pesquisadora. Nas salas de aula, a brancura ainda é construída como referência de humanidade, onde “o branco é sempre o melhor exemplo”.

Por Glenda Almeida


AGÊNCIA USP

http://negrosnegrascristaos.ning.com/forum/topics/a-import-ncia-das-mulheres 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

PODE CHEGAR - TARDES NEGRAS

Galera, não se esqueça de reservar neste DOMINGO, um tempo da sua agenda para 3° edição do TARDES NEGRAS.
Essa edição tá cheia de novidades, o FOJUNEDF prepara uma tarde acolhedora, animada e reflexiva, com o tema ABOLIÇÃO PRA QUEM?, trará um painel onde as pessoas poderão responder essa pergunta, além de algumas falas significativas sobre o tema.
Lembraremos de nossos ancestrais e traremos alguns depoimentos, traga fotos de seus ancestrais para expormos no painel e venha de ROUPA BRANCA ou CLARA.
Além disso, será comemorado o aniversário de 1 ano do FOJUNEDF e claro que o nosso bolo será uma deliciosa FEIJOADA, ficou com água na boca né? Hummm... eu também, então corre e compre o convite da FEIJOADA, está a venda por 10 reias, mas também poderá ser adquirido no local.
A entrada... continua sendo GRATUITA, estamos cobrando somente a FEIJOADA, beleza.
Um bom SAMBA DE RODA muita gente bonita, e claro um BRAIDS STYLE, isso mesmo direto de sampa para Brasília, teremos o Sr. Dreads fazendo o melhor da trança e dreads em sua cabeça.
E pra fechar o pacote nesta edição teremos novamente uma FEIRA DE TROCA, então vai separando um SORRISO GOSTOSO, o cabelo para trançar, os pés pra sambar, e algum objeto que não queira mais, no entanto está em bom uso pra trocar e nos encontre no DOMINGO, na CASA DA CAPOEIRA.







Qualquer dúvida entre em contato!
AFRO ABRAÇOS E ATÉ 19 DE MAIO - 13HS

Concurso de Penteado Afro da Colômbia


9º Concurso de Estilo de Cabelo Afro aconteceu no domingo (12) em Cali.
O  Concurso de Penteado Afro da Colômbia é o mais colorido  do mundo! Muita cor, muita trança e algumas obras de arte podem ser vistas neste concurso, onde o vencedor maior é a comunidade negra da Colômbia, que não perdeu suas raízes e influências africanas.

Este Concurso de Penteado Afro é uma das formas dos descendentes dos africanos que foram escravizados, hoje cerca de 20% da população colombiana, de cultivarem suas origens e tradições.

O Concurso acontece na cidade de Cali, na Colômbia, já na sua nona edição, aconteceu neste final de semana. Uma competição diferente, que desafia a habilidade das cabeleireiras e estimula a preservação da história do país. Tranças, tecidos coloridos e muita criatividade.  Veja mais fotos abaixo da  nona edição de um campeonato de penteados afro-colombianos:

Veja mais fotos como esta em Afrokut

FONTE:  http://negrosnegrascristaos.ning.com/profiles/blogs/concurso-de-penteado-afro-da-colombia?xg_source=msg_mes_network

Rede Nacional da Juventude Negra: Vergonha Baiana. Concurso Miss Bahia.

Rede Nacional da Juventude Negra: Vergonha Baiana. Concurso Miss Bahia.: TOD@S, TOD@S, TOD@S sabem, ou fingem não saber... Que o status de BELEZA raramente é atribuído às mulheres com o fenótipo de melanina acen...

terça-feira, 14 de maio de 2013

Kumi Rauf: o criador da maior fan page negra do Facebookcriador da fan page I Love being black

O americano Kumi Rauf, de 28 anos, pode ser chamado de um dos Midas das redes sociais. Ele é o criador da página “I Love Being Black” (“eu amo ser negro”, em tradução livre), a fan page com temática negra que tem o maior número de seguidores no Facebook. São, ao todo, mais de seis milhões.
A página surgiu como suporte da sua empresa de roupas e acessórios, mas acabou virando uma febre em todo o mundo. Criada em 2005, o espaço é hoje um negócio que vende milhares de pulseiras, camisetas, calendários e demais acessórios com mensagens de valorização da identidade negra e uma grande vitrine para modelos entrarem no mercado internacional de moda.
Escolhido pela prestigiosa organização americana Urban Leaguecomo um dos mais influentes líderes afro-americanos com menos de 40 anos, Kumi desistiu de sua carreira no mercado de tecnologia na Califórnia para se dedicar a construir um movimento virtual que  já o levou a visitar diversos países do mundo fotografando pessoas negras.
Além disso, Kumi também palestra sobre o uso correto e direcionado das redes sociais e sobre a tecnologia à favor da identidade racial. Recentemente, o jovem empresário esteve no Brasil para uma palestra em Salvador, na Biblioteca Pública do Estado.
Ele contou que logo após ter se formado, enfrentou dificuldades no primeiro trabalho na área. “O racismo foi o primeiro golpe. O golpe n.º 2 foi o salário baixo e o 3º foi colocar limites na minha liberdade”, relatou Rauf que trabalha atualmente com os pais, dois irmãos e uma amiga. Ele pretende contratar ainda mais duas pessoas.
face“Algumas pessoas interpretam ‘eu amo ser negro’ como se fosse ‘eu detesto os outros’, mas não é verdade. Essa não é a nossa intenção. Nosso objetivo não é só o lucro. As pessoas que a gente faz propaganda são escolhidas a dedo. Recentemente tive que devolver um cheque de mil dólares porque era de uma empresa que não queríamos ter relações financeiras”, destacou.
A página “I Love Being Black” está atualmente no top 500 de cerca de 42 milhões de páginas do Facebook em termos de base de fãs. Está ainda no “top 20″ de todas as páginas de roupas no Facebook, a frente de marcas tarimbadas como of Dolce & Gabbana, Ralph Lauren, Old Navy e Armani.
Fonte: revista afro

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A trajetória do primeiro índio formado em medicina pela UnB

Ao chegar a Brasília há sete anos, Josinaldo da Silva tinha apenas R$ 900 de mesada da Funai e um currículo escolar tão pobre quanto o bolso

FLÁVIA TAVARES
DE COCAR NO DIA DA FORMATURA

Josinaldo da Silva esperava com ansiedade sua vez de receber o pedaço de papel que coroaria sete anos de sua vida. Mal enxergava a família, que, após deixar Petrolina, em Pernambuco, e voar 1.550 quilômetros, acomodara-se discretamente no fundo do auditório do Quartel-General do Exército, em Brasília. Seus olhos divisavam apenas quem, nas primeiras fileiras, lhe entregaria o canudo em instantes. Quando o mestre de cerimônias pronunciou seu nome, Josinaldo viu o pajé Álvaro Tukano soerguer-se, orgulhoso. Carregava nas mãos um enorme cocar de penas de gavião, similar ao que ostentava na própria cabeça. Aproximou-se de Josinaldo, tirou-lhe o capelo, substituiu-o pelo cocar, pôs as mãos no ombro do pupilo e – súbito – encostou sua testa na dele. Josinaldo ficou sem reação: não esperava esse gesto. Nem o que aconteceria depois. A plateia e os outros 39 formandos ficaram de pé para aplaudir o primeiro índio formado em medicina pela Universidade de Brasília (UnB).

A noite de 1º de fevereiro deste ano encerrou a improvável jornada que começara em 18 de abril de 2006, quando Josinaldo, da etnia aticum, chegara a Brasília. Chegara graças a seus esforços e a uma parceria entre a UnB e a Funai, pela qual ele obtivera sua vaga na UnB. Josinaldo vivia, com os cerca de 5 mil índios aticuns, na Serra do Umã, sertão de Pernambuco. Ao chegar a Brasília, tinha apenas R$ 900 de mesada da Funai e um currículo escolar tão pobre quanto o bolso. Mal conseguira um teto, já tinha de vestir o jaleco branco. Começara as aulas com a disciplina mais temida pelos novatos: anatomia. “Levaram a gente para uma sala com cadáveres, foi a primeira vez que vi, um choque. Entrar num ambiente cheio de corpos é para saber se você quer mesmo estar ali”, diz.
DIPLOMADO Josinaldo da Silva no Posto de Saúde de Santa Maria. “Quando soube que passei no vestibular, demorei a acreditar” (Foto: Celso Junior/ÉPOCA)
Josinaldo se sentia estrangeiro em Brasília. Pela primeira vez, sentiu o que é ser diferente dos outros. Não conseguia fazer amizades. A solidão lhe doía. Nos primeiros meses de aula, tinha apenas um amigo: Jânio, da etnia baré, do Amazonas, também estudante de medicina. Os dois dividiam um quartinho e as angústias. A família de Jânio, porém, estava com muitos problemas – a mãe doente, o pai alcoólatra. A pressão foi grande para que ele voltasse à aldeia. Jânio voltou. Um mês depois, matou-se. “Foi como perder um irmão. A gente conviveu pouco tempo, mas intensamente”, diz Josinaldo.
>> “Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui” 
>> Sobrenome: “Guarani Kaiowa” 

No primeiro semestre, Josinaldo foi reprovado em duas matérias. E depois em mais uma. Quando pensou em desistir das aulas de imunologia, difíceis demais, foi motivado a continuar pelos companheiros. “Fiz poucos amigos na universidade, mas os que fiz foram de verdade”, diz. Foram eles que bancaram os dois primeiros estetoscópios de Josinaldo – os equipamentos custavam R$ 150 cada um, uma pequena fortuna para ele. E o ajudavam quando o dinheiro da Funai atrasava. “A hombridade dele sempre me impressionou. Ele é reservado, mas fala de suas raízes com orgulho e nunca deixa de cumprir um compromisso”, diz Felipe Machado, um dos amigos da faculdade.
>> O sertanista que passou 42 anos protegendo os índios 

Josinaldo é um dos cinco indígenas formados até aqui na UnB pela parceria firmada em 2004 com a Funai. Hoje, há 63 alunos indígenas na universidade. São estudantes de 31 etnias diferentes, distribuídos em cursos como administração, sociologia e agronomia. O convênio não é exatamente uma cota, como no caso dos alunos negros. Desde 2006, a UnB cria dez vagas por semestre exclusivamente para os índios. Os alunos que entram pela cota de negros ocupam 20% das vagas já existentes nos cursos. No quinto semestre, a solidão dos tempos de calouro deu lugar ao reconhecimento orgulhoso da identidade. Josinaldo e os demais índios da UnB dançavam pelos corredores da universidade, em manifestações “contra o preconceito”.

CAPÍTULO 2
DE COCAR NO RITUAL DA ALDEIA

A dança que Josinaldo fazia no campus, sem camisa, de calça jeans e cocar, andando em círculos e batendo o pé no chão, chama-se toré. É a mesma que praticava quando era criança. Josinaldo adorava participar do ritual que acontecia a cada 15 dias. Era o escape de sua rotina de roça. Terceiro de seis irmãos, ele mal conheceu o pai, que os abandonou e, anos mais tarde, foi assassinado numa briga. Com 6 anos, já ajudava a mãe a capinar as plantações de mandioca, milho, abóbora e feijão. Nos dois meses do ano em que chovia, o trabalho era diário. A família largava a casinha de pau a pique da aldeia sem saneamento para subir a serra. Lá, Josinaldo se instalava com a mãe e os irmãos numa palhoça, dormindo no chão. Também colhia algodão nas fazendas da região. Estudar não era prioridade. Mas Josinaldo queria tanto aprender que dava um jeito de recuperar as aulas perdidas na única escola da aldeia, que só chegava à 4ª série. Quando terminou, em 1989, queria continuar estudando. Refez o ano três vezes. “Virei pós-doutor em 4ª série”, diz Josinaldo, rindo.
>> IBGE registra crescimento de 205% na população indígena do país 

Em 1995, surgiu a oportunidade: construiu-se uma escola de 5ª a 8ª série no quilombo Conceição das Crioulas, vizinho ao povoado de Mulungu. A história das seis negras libertas que fundaram o quilombo, no comecinho do século XIX, se mescla com a dos aticuns – e a herança está no rosto mestiço de Josinaldo. Ele percorria todo dia, de jumento ou bicicleta, rodeado de outras crianças, os 6 quilômetros até o quilombo. Para fazer o ensino médio, o caminho era mais longo, de ônibus: 48 quilômetros até a cidade de Salgueiro. Depois de estudar e ainda ajudar a mãe na roça, Josinaldo se reunia com os familiares. A aldeia não tinha luz. Eles acendiam uma fogueira e ouviam os mais velhos contar histórias.

Já crescido, Josinaldo começou a trabalhar como agente de saúde, cuidando de sua aldeia. “A gente sabia que era ruim, mas, indo de casa em casa, é que vi”, diz. O chão batido dos casebres sem esgoto, sem comida, inundados durante os meses de chuva... Josinaldo conta que visitou uma mãe que amamentava um bebê e notou que as costelinhas do menino estavam à mostra, marcadas na pele fina. “Aquilo foi o que mais me doeu. Foi quando comecei a sonhar em ser médico. Era a utopia da utopia.”
>> Raoni: "Pode ser que nos matem, mas vou com meus guerreiros impedir Belo Monte"

Em 2005, Josinaldo soube do convênio entre a Funai e a UnB. Fez o vestibular no ano seguinte.“O pessoal da Funai ligou para dizer que eu havia passado. Achei que era trote. Demorei a acreditar.” Com cinco mudas de roupa, meia dúzia de livros e o aval de seu povo, que recomendou seu nome para a Funai, Josinaldo partiu para Brasília. Foram sete anos até o jaleco branco com o bordado no bolso: “Dr. Josinaldo Silva”.
>> Outras histórias da seção Caso Extraordinário

CAPÍTULO 3
DE JALECO BRANCO NO POSTO DE SAÚDE

Numa tarde escaldante de março, a salinha do Posto de Saúde do distrito de Santa Maria, em Flores de Goiás, a 210 quilômetros de Brasília, está cheia. Dona Orica, de 59 anos, está ansiosa por ser atendida, depois de meses em que o posto ficou sem médico, pelo doutor novo que chegou na semana anterior. Josinaldo sai da sala com uma prancheta nas mãos e chama dona Orica. Depois outro, e outro... Atende sem parar, das 7 às 16 horas. No fim do expediente, dorme num quartinho minúsculo no fundo do próprio posto. Josinaldo está lá por causa do Provab, programa do governo federal que oferece R$ 8 mil de salário a médicos recém-formados que topem trabalhar nesses rincões sem estrutura. Ele ficará em Santa Maria por um ano. Depois, seguirá para Planaltina, na periferia de Brasília, para fazer a residência de dois anos em medicina de família, área que escolheu.
>> Uma tragédia indígena 

Josinaldo se sente na obrigação de voltar daqui a três anos para sua aldeia, para retribuir a confiança que seu povo lhe deu. O convênio da Funai com a UnB não prevê oficialmente a contrapartida da volta – ela é firmada entre o índio e as lideranças de suas aldeias. A aldeia Mulungu de hoje é bem diferente da aldeia Mulungu da infância de Josinaldo. A luz chegou em 2001, todo mundo tem televisão e celular, e as famílias agora constroem fossas sépticas com a ajuda do governo. Josinaldo também mudou. Comprou um carro e arrumou uma namorada, estudante de psicologia. Sua família não vive mais lá. Partiram para ganhar a vida em outras cidades de Pernambuco e em São Paulo. “Saí de lá com um propósito. Teve um povo que disse para eu vir. Quero voltar, me sinto nessa dívida”, diz Josinaldo. “Espero que daqui a três anos eu continue pensando isso.”
fonte: época

quinta-feira, 9 de maio de 2013

13 de Maio: Dia Nacional de Denúncia contra o Racism


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O dia 13 de maio é considerado o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, data em que foi assinada a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, em 1888.

A Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. A lei marcou a extinção da escravidão no Brasil, o que levou à libertação de 750 mil escravos, a maioria deles trazidos da África pelos portugueses.
A assinatura da lei foi conseqüência de um longo processo de disputas. Logo antes da elaboração do deputado conservador João Alfredo, muitas manifestações pedindo a libertação dos escravos já ocupavam as ruas, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro.
Na verdade, os escravos já estavam mobilizados em torno desta causa havia muitos anos. Um dos primeiros ícones da luta pela libertação dos escravos, considerado o mais importante até hoje, foi o movimento do Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi dos Palmares.
Escravos fugidos ou raptados de senzalas eram levados para o território, que chegou a ter 200 quilômetros de largura, em um terreno que hoje corresponde ao estado de Alagoas, parte de Sergipe e de Pernambuco. O movimento, iniciado por volta de 1590, só foi derrotado cerca de 100 anos depois, em 1694. Um ano depois, Zumbi, traído por um homem de sua confiança, foi assassinado. A data de sua morte, 20 de novembro, é muito comemorada pelo movimento negro e foi oficializada como o Dia Nacional de Denúncia contra o racismo.
Mas o começo da liberdade ainda demoraria para acontecer. Os primeiros passos, antes da Lei Áurea, foram a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1884). A primeira estabelecia que os filhos de escravos ficavam sob os cuidados do senhor de suas mães até 8 anos. Depois, o senhor poderia libertá-los e receber indenização ou usar seus trabalhos até os 21 anos, depois eles estariam livres. A segunda dizia que os escravos estariam livres quando completassem 60 anos. Mas antes da liberdade total, deveriam trabalhar 5 anos de graça como indenização aos senhores pelos gastos com a compra deles.
Só então é que veio a Lei Áurea. Mas mesmo depois da lei, os ex-escravos batalharam bastante para sobreviver, porque não tinham emprego, nem terras, nem nada. Muitos deles arranjaram empregos que pagavam pouco porque era tudo que os brancos lhes ofereciam. Os movimentos de consciência negra surgem como forma de protestar contra esta desigualdade social e contra o preconceito racial. Hoje, 13 de maio é o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo.

E você com isso?
É compromisso de todo mundo lutar por um mundo mais justo, e está incluída aí a justiça racial. Afinal, além de sofrer com as desigualdades sociais, a população negra sofre também com o maior câncer da sociedade brasileira: o racismo.
O país acompanhou recentemente as declarações de um Parlamentar do Rio de Janeiro, que em um programa de TV afirmou que seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou virarem gays, porque “foram muito bem educados”, relacionando a relação entre brancos e negros com “promiscuidade. Na mesma semana outro deputado, desta vez um de São Paulo, usou o twitter para dizer que “os africanos são amaldiçoados”.
Infelizmente as palavras destes parlamentares racistas soam apenas como versão em prosa e verso de uma dura realidade que, 123 anos após a abolição, persiste: a morte física, cultural e simbólica de negras e negros.
Todos os seres humanos merecem respeito carinho ou atenção, independentemente da cor da sua pele. Isto significa que você deve tratar bem todos os seus colegas e seus conhecidos, não importa se ele é branco, negro ou oriental.

Qual a diferença entre preto, pardo e negro?

A classificação "pretos" feita pelo IBGE levantou polêmica sobre a forma correta de chamar esse grupo de pessoas

A divulgação, por parte da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), de notícia sobre a ausência de pessoas pretas nos cursos mais concorridos da Universid... alimentou uma polêmica sobre a forma mais correta de se classificar a população pela cor ou raça. Com a bandeira do "politicamente correto" levantada, alguns defenderam que seria melhor utilizar os termos negros ou afrodescendentes. Mas é errado chamar alguém de preto?
O debate começou porque a Fuvest, responsável pela seleção dos alunos da USP, adotou o padrão de classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divide a população do País em cinco grupos: pretos, pardos, brancos, amarelos e indígenas.
A alegação é histórica: o primeiro censo demográfico do Brasil foi feito em 1872 e perguntava aos brasileiros em qual dos quatro grupos eles se enquadravam: preto, pardo, caboclo ou branco. Ao longo de mais de 140 anos, foram feitas algumas mudanças na nomenclatura, mas ainda não há consenso sobre a forma de classificar a população.
Esse é um tema muito polêmico. Alguns defendem que deveríamos usar a classificação negro, mas o negro é uma identidade social. Leva em conta uma visão política, a identidade de um povo muito mais do que a cor da pele. José Luiz Petruccelli Pesquisador do IBGE
José Luiz Petruccelli, que faz pesquisas sobre diversidade racial há mais de 20 anos no IBGE, reconhece que a classificação pode ser aprimorada, embora defenda que o modelo segue uma série histórica e mudanças poderiam prejudicar a comparação dos dados. "Esse é um tema muito polêmico. Alguns defendem que deveríamos usar a classificação negro, mas o negro é uma identidade social. Leva em conta uma visão política, a identidade de um povo muito mais do que a cor da pele", defende.
O especialista diz não ser correto, para efeito de pesquisas, reunir pardos e pretos em um só grupo, de negros. Segundo ele, a discriminação contra os pretos é muito maior do que a verificada entre as pessoas que se autodeclaram pardas, e essa diferença precisa estar presente nos levantamentos demográficos. "Existe diferença no comportamento social entre pretos e pardos: quanto mais escuro, mais discriminado", afirma. 
Já a União de Negros pela Igualdade (Unegro), organização de movimentos sociais criada na Bahia e presente em 24 Estados, defende que o mais adequado é usar o termo negro, embora aceite as regras do IBGE. "Como não existe um critério científico para essa classificação, acordou-se em usar a nomenclatura do IBGE para pesquisas, que seria o mais próximo do viável", disse Alexandre Braga, diretor de comunicação da entidade.
Apesar de concordar que quanto mais escura a cor da pele, maior a discriminação, a Unegro acredita que o IBGE possa vir a usar apenas a classificação negro no futuro. "As pessoas se identificam mais como negras do que pretas ou pardas", afirma Alexandre.
Preto e pardo
Nas pesquisas do Censo feitas pelo IBGE, é apresentada uma relação com as cinco nomenclaturas utilizadas e as pessoas precisam indicar a qual cor pertencem. Segundo Petruccelli, cada pessoa tem liberdade para dizer a sua classificação. Ele explica que pretos normalmente são as pessoas que se enxergam com a cor mais escura. Mas em relação aos pardos não há consenso. "Normalmente são as pessoas que se classificam como ‘morenas’ ou ‘mulatas’, mas isso depende na região", afirma.
O pesquisador diz ainda que nas regiões Sul e Sudeste, a população que se declara parda normalmente é de origem africana. Porém, no Norte, muitos pardos são, na verdade, descendentes de indígenas. Ele ainda conta uma história curiosa sobre a situação no Distrito Federal. "A população local, por mais branca que seja a sua pele, se classifica como parda porque vê os brancos como os funcionários públicos que vieram de fora".
De acordo com o pesquisador do IBGE, a presença de pretos é menor no Brasil, por isso existe a tendência em reunir pardos e pretos em um grupo de negros. Ele diz que apenas para as pesquisas o termo não se aplica, mas que na convivência social é válido agrupar as duas nomenclaturas. Para o representante da Unegro, ocorre também a resistência em assumir a cor preta e muitos preferem ser incluídos na lista dos pardos - que seria uma forma intermediária. "A identidade do negro é muito maior, por isso defendemos a utilização desse termo", afirma.
E o afrodescendente?
De acordo com o diretor da Unegro, o termo afrodescendente - ou afrobrasileiro - está em desuso. "Acredito que hoje seja muito mais adequado chamar alguém de negro do que de afrodescendente. Essa é muito mais uma nomenclatura política, de ação dos movimentos sociais na luta contra discriminação do que para designar a cor", explica.
Do Terra / Imagem: Blog do Félix

Debates Feministas em Brasília

O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA) convida todas e todos para a 1ª Edição dos "Debates Feministas", na próxima 5ª feira (9 de maio), a partir das 19h, no Sebinho (CLN 406). Na ocasião, serão lançados os livros "Mulheres negras na primeira pessoa", organizado por Jurema Werneck, Nilza Iraci e Simone Cruz, distribuído gratuitamente, e "Aqui ninguém é branco", de Liv Sovik (R$ 32). As autoras participarão de uma roda de conversa sobre racismo, com a presença do coletivo Pretas Candangas.


Mulheres negras na primeira pessoa
Jurema Werneck, Nilza Iraci e Simone Cruz (ORGs)
A obra traz o relato de 20 mulheres negras representativas de nove estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Paraíba, São Paulo, Pará, Rio de Janeiro, Amapá, Ceará, Paraná e Goiás). As narrativas são de mulheres negras quilombolas, nordestinas, sulistas, entre outras, urbanas ou não, cujas trajetórias sensibilizaram as organizações membros da AMNB, que as indicou para simbolizarem a luta das mulheres negras no Brasil. O resultado é um livro emocionante, repleto de histórias de lutas temperadas com energia, garra, amor, sabedoria e afeto.
Distribuição gratuita
 
Aqui ninguém é branco
Liv Sovik
Através do estudo de lugares-comuns na música popular brasileira, Aqui ninguém é branco propõe releituras do cosmopolitismo brasileiro, do corpo dançante como emblema da nação, da marca deixada pelos escravos e da ligação entre branco e negro no cotidiano. Discute as maneiras em que, na grande imprensa, o branco é valorizado e a experiência americana de relações raciais é tratada como ameaçadora e radicalmente diferente da brasileira.
R$ 32
 
Pretas Candangas
Coletivo de mulheres negras do Distrito Federal.
Mais informações: www.pretascandangas.wordpress.com
 
Saiba mais sobre a atividade:

segunda-feira, 6 de maio de 2013

EAD FUNDAJ – Seminário Virtual – 10 Anos da Lei 10.639/03

 

Foi criado um seminário virtual nacional para se discutir a educação para as relações étnico-raciais. O seminário se enquadra no objetivo de realizar uma comemoração reflexiva dos 10 anos da Lei 10.639/03, que trata da obrigatoriedade do ensino da cultura afro-brasileira e da história da África nas redes de ensino. 
A ideia de realização do Seminário nasceu em Florianópolis, no último Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros. A proposta é que ele seja realizado pelo Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros - CONNEABs, pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros - ABPN, pelo GT 21, “Educação e Relações Étnico-Raciais”, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação - ANPED, pela Fundação Joaquim Nabuco e pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades - CEERT.
A proposta é de se realizar uma discussão sobre diferentes aspectos relacionados às conquistas e aos desafios presentes nos processos de implementação da Educação das Relações Étnico-Raciais nas redes de Ensino.
O Seminário se desenvolverá a partir de seis grandes temas. Cada tema terá um (a) autor (a) convidado (a) que elaborará texto introdutório com três questões-chaveque abrirão o diálogo. Esse texto será comentado por um/a pesquisador/a e, posteriormente, ficará aberto para a participação e discussão dos inscritos no seminário. Os debates ocorrerão num fórum de discussão no Portal EAD FUNDAJ – Seminário Virtual – 10 Anos da Lei 10.639/03.Os comentários, opiniões serão sistematizadas pela Equipe deSistematizadores/as, que produzirão um relatório síntese das discussões do tema. Após o final do seminário teremos os relatórios temáticos que comporão a feitura do relatório final. Será produzido um livro.
As inscrições ocorrerão do dia 15 de abril a 08 de maio/2013.
Inscrições e Informações Portal da Fundaj:

domingo, 5 de maio de 2013

Feira de Troca no Tardes Negras

Domingo 28 de abril, aconteceu a 2ª edição dos Tardes Negras. Dessa vez com uma pitada de Economia Solidária, pois além de muita música de qualidade o evento também trouxe uma Feira de Troca para a comunidade. A ideia foi promover um momento de reflexão sobre o consumo e estimular o senso de comunidade.
Quem tinha peças em casa em boas condições de uso, aproveitou a oportunidade. Brincos, vestidos..., livros, calçados, bolsas e por ai foi. A Feira deu tão certo que o Fórum irá organizar outras feiras de troca, em outras ações, além do Tardes Negras, já começe a organizar seus objetos pra levar.
A próxima edição será dia 19 de maio e terá como tema:
"Abolição pra quem", além de ser comemorado também o aniversário de 1 ano do FOJUNEDF.

Aguarde mais informações.